Blog:amor e ponto
domingo, 21 de fevereiro de 2010
MUITO.
O que ela quer é falar de amor. Fazer cafuné, comprar presente, reservar hotel pra viagem, olhar estrela sem ter o que dizer. Quer tomar vinho e olhar nos olhos. Ela quer poder soprar o que mora dentro, o que não cabe, que voa inocente e suicida. Ela quer o que não tem nome. Quer rir sem saber de quê, passar horas sem notar, quer o silêncio e a falação. Ela quer bobagem. Quer o que não serve pra nada. Quer o desejo, que é menos comportado que a vontade. Ela quer o imprevisto, a surpresa, o coração disparado, o medo de ser bom. Quer música, barulho de e-mail na caixa, telefone tocando. Ela tem muito e quer mais. Quer sempre. Quer se cobrir de eternidade, quer o oxigênio do risco pra ficar sempre menina. Ela quer tremer as pernas, beijo no ponto de ônibus e a milésima primeira vez. Quer cor e som, lembrança de ontem, sorriso no canto da boca. Ela quer dar bandeira. Quer a alegria besta de quem não tem juízo. O que ela quer é tão simples. Só que ela não é desse mundo.
Quando aprendi a dizer eu te amo.
[...]Amamos quem divide com a gente um dia de trabalho. Amamos quem nos faz rir. Amamos quem dá ou aceita ajuda. Amamos quem sabe ser carinhoso. Existe amor em nós e é bom falar sobre ele. É energia que se multiplica e torna melhor o dia, o tempo, a vida.....
trecho tirado do blog:Amor e ponto
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
A solidão.
"Minha força esta na solidão.Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas,pois eu também sou o escuro da noite."
Clarice lispector escreveu isso.
Lendo essas palavras,o mais impressionante,porém,não é a ideia de que minha força possa estar na solidão,e sim que eu tenha
me acostumado a procurar minha força em toda parte,exceto na solidão.
Saia de casa.Vá á festa.Ao bar.Ver gente,dizem.Não sendo possível,existem entorpecentes ao alcance da mão:a televisão solidária,o correio eletrônico em que smiley faces de óculos escuros pesam o
mesmo que um parágrafo inteiro,140 toques para contar como chove ou como vai a dor de cabeça.Um novo toque novo no novo celular com uma nova mensagem de texto.Amizades light no site de relacionamento.
E a salidão,aquele monstro,fica ali no canto de olhos meio vidrados,se esquecendo de rosnar,a baba imobilizada no canto da boca.
Mas e se minha força estiver na solidão e eu estiver,por pura tolice,confundindo heróis e vilões?
Afinal,eu também sou o escuro da noite.Eu também sou o que sobra em casa depois que todo mundo saiu e o que sobra da cidade depois que todo mundo foi dormir.Eu também sou isso,o silêncio que existe de
dentro para fora,como algo que se alastras,que transforma até o ruido externo em uma coisa sem sentido.Eu também sou eu apenas,eu só.E mais nada nem ninguém,mesmo na esquina mais movimentada da maior cidade do mundo
.Também sou o último passageiro do ônibus e a voz que ninguém ouviu.
E preciso grande humildade para coabitar comigo,para não ter medo nem chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas,e não camuflá-las com outoajuda.Mas só tenho como ser o claro do dia sendo,também, o escuro da noite.Do contrário a minha vida é rasa e os meus sentimentos,pequenas pérolas falsas.Dito de outro modo:Só tenho como acompanhar e me fazer acompanhar se descriminalizar em mim a solidão.
Por:Adriana Lisboa.
Revista:Gloss.
Clarice lispector escreveu isso.
Lendo essas palavras,o mais impressionante,porém,não é a ideia de que minha força possa estar na solidão,e sim que eu tenha
me acostumado a procurar minha força em toda parte,exceto na solidão.
Saia de casa.Vá á festa.Ao bar.Ver gente,dizem.Não sendo possível,existem entorpecentes ao alcance da mão:a televisão solidária,o correio eletrônico em que smiley faces de óculos escuros pesam o
mesmo que um parágrafo inteiro,140 toques para contar como chove ou como vai a dor de cabeça.Um novo toque novo no novo celular com uma nova mensagem de texto.Amizades light no site de relacionamento.
E a salidão,aquele monstro,fica ali no canto de olhos meio vidrados,se esquecendo de rosnar,a baba imobilizada no canto da boca.
Mas e se minha força estiver na solidão e eu estiver,por pura tolice,confundindo heróis e vilões?
Afinal,eu também sou o escuro da noite.Eu também sou o que sobra em casa depois que todo mundo saiu e o que sobra da cidade depois que todo mundo foi dormir.Eu também sou isso,o silêncio que existe de
dentro para fora,como algo que se alastras,que transforma até o ruido externo em uma coisa sem sentido.Eu também sou eu apenas,eu só.E mais nada nem ninguém,mesmo na esquina mais movimentada da maior cidade do mundo
.Também sou o último passageiro do ônibus e a voz que ninguém ouviu.
E preciso grande humildade para coabitar comigo,para não ter medo nem chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas,e não camuflá-las com outoajuda.Mas só tenho como ser o claro do dia sendo,também, o escuro da noite.Do contrário a minha vida é rasa e os meus sentimentos,pequenas pérolas falsas.Dito de outro modo:Só tenho como acompanhar e me fazer acompanhar se descriminalizar em mim a solidão.
Por:Adriana Lisboa.
Revista:Gloss.
domingo, 14 de fevereiro de 2010
“Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de intuição, mas de simples infantilidade.
Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.”
Trata-se de saber se devo prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...] Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a forma de um impulso. Não sou madura bastante ainda. Ou nunca serei.”
C.L
“Estou sentindo uma clareza tão grande que me anula como pessoa atual e comum: é uma lucidez vazia, como explicar? assim como um cálculo matemático perfeito do qual, no entanto, não se precise. Estou por assim dizer vendo claramente o vazio. E nem entendo aquilo que entendo: pois estou infinitamente maior do que eu mesma, e não me alcanço. Além do quê: que faço dessa lucidez? Sei também que esta minha lucidez pode-se tornar o inferno humano — já me aconteceu antes. Pois sei que — em termos de nossa diária e permanente acomodação resignada à irrealidade — essa clareza de realidade é um risco. Apagai, pois, minha flama, Deus, porque ela não me serve para viver os dias. Ajudai-me a de novo consistir dos modos possíveis. Eu consisto, eu consisto, amém.”.
C.L
"[...]Sou uma pessoa que tem um coração que por vezes percebe, sou uma pessoa que pretendeu pôr em palavras um mundo ininteligível e um mundo impalpável. Sobretudo uma pessoa cujo coração bate de alegria levíssima quando consegue em uma frase dizer alguma coisa sobre a vida humana ou animal"
clarice lispector
Ideal de vida
“Um nome para o que eu sou, importa muito pouco. Importa o que eu gostaria de ser. O que eu gostaria de ser era uma lutadora. Quero dizer, uma pessoa que luta pelo bem dos outros. Isso desde pequena eu quis. Por que foi o destino me levando a escrever o que já escrevi, em vez de também desenvolver em mim a qualidade de lutadora que eu tinha? Em pequena, minha família por brincadeira chamava-me de ‘a protetora dos animais’. Porque bastava acusarem uma pessoa para eu imediatamente defendê-la.
[...] No entanto, o que terminei sendo, e tão cedo? Terminei sendo uma pessoa que procura o que profundamente se sente e usa a palavra que o exprima.É pouco, é muito pouco.”
*clarice lispector*
“Um nome para o que eu sou, importa muito pouco. Importa o que eu gostaria de ser. O que eu gostaria de ser era uma lutadora. Quero dizer, uma pessoa que luta pelo bem dos outros. Isso desde pequena eu quis. Por que foi o destino me levando a escrever o que já escrevi, em vez de também desenvolver em mim a qualidade de lutadora que eu tinha? Em pequena, minha família por brincadeira chamava-me de ‘a protetora dos animais’. Porque bastava acusarem uma pessoa para eu imediatamente defendê-la.
[...] No entanto, o que terminei sendo, e tão cedo? Terminei sendo uma pessoa que procura o que profundamente se sente e usa a palavra que o exprima.É pouco, é muito pouco.”
sábado, 13 de fevereiro de 2010
Meu Deus, me dê a coragem
Meu Deus, me dê a coragem de viver trezentos e sessenta e cinco dias e noites, todos vazios de Tua presença.
Me dê a coragem de considerar esse vazio como uma plenitude.
Faça com que eu seja a Tua amante humilde, entrelaçada a Ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar com este vazio tremendo e receber como resposta o amor materno que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de Te amar, sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços meu pecado de pensar.
Me dê a coragem de considerar esse vazio como uma plenitude.
Faça com que eu seja a Tua amante humilde, entrelaçada a Ti em êxtase.
Faça com que eu possa falar com este vazio tremendo e receber como resposta o amor materno que nutre e embala.
Faça com que eu tenha a coragem de Te amar, sem odiar as Tuas ofensas à minha alma e ao meu corpo.
Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia.
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços meu pecado de pensar.
Clarice Lispector
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